15/08/2013

Da Constituição Apostólica Munificentíssimus Deus (AAS42 [1950], 760-762. 767-769) (Séc.XX), do papa Pio XII


 Teu corpo é santo e cheio de glória

Nas homilias e orações para o povo na festa da Assunção da Mãe de Deus, santos padres e
grandes doutores dela falaram como de uma festa já conhecida e aceita. Com a maior clareza a
expuseram; apresentaram seu sentido e conteúdo com profundas razões, colocando
especialmente em plena luz o que esta festa temem vista: não apenas que o corpo morto da
Santa Virgem Maria não sofrera corrupção, mas ainda o triunfo que ela alcançou sobre a morte
e a sua celeste glorificação, a exemplo de seu Unigênito, Jesus Cristo.

São João Damasceno, entre todos o mais notável pregoeiro desta verdade da tradição,
comparando a Assunção em corpo e alma da Mãe de Deus com seus outros dons e privilégios,
declarou com vigorosa eloqüência: “Convinha que aquela que guardara ilesa a virgindade no
parto, conservasse seu corpo, mesmo depois da morte, imune de toda corrupção. Convinha que
aquela que trouxera no seio o Criador como criancinha fosse morar nos tabernáculos divinos.
Convinha que a esposa, desposada pelo Pai, habitasse na câmara nupcial dos céus. Convinha
que, tendo demorado o olhar em seu Filho na cruz e recebido no peito a espada da dor, ausente
no parto, o contemplasse assentado junto do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse tudo o
que pertence ao Filho e fosse venerada por toda criatura como mãe e serva de Deus”.

São Germano de Constantinopla julgava que o fato de o corpo da Virgem Mãe de Deus estar
incorrupto e ser levado ao céu não apenas concordava com sua maternidade divina, mas ainda
conforme a peculiar santidade deste corpo virginal: “Tu, está escrito, surges com beleza (cf. Sl
44,14); e teu corpo virginal é todo santo, todo casto, todo morada de Deus; de tal forma que ele
está para sempre bem longe de desfazer-se em pó; imutado, sim, por ser humano, para a excelsa
vida da incorruptibilidade. Está vivo e cheio de glória, incólume e participante da vida
perfeita”.

Outro antiqüíssimo escritor assevera: “Portanto, como gloriosa mãe de Cristo, nosso Deus
salvador, doador da vida e da imortalidade, foi por ele vivificada para sempre em seu corpo na
incorruptibilidade; ele a ergueu do sepulcro e tomou para si, como só ele sabe”.

Todos estes argumentos e reflexões dos santos padres apóiam-se como em seu maior
fundamento nas Sagradas Escrituras. Estas como que põem diante dos olhos a santa Mãe de
Deus profundamente unida a seu divino Filho, participando constantemente de seu destino.

De modo especial é de lembrar que, desde o segundo século, os santos padres apresentam a
Virgem Maria qual nova Eva para o novo Adão: intimamente unida a ele – embora com
submissão – na mesma luta contra o inimigo infernal (como tinha sido previamente anunciado
no proto-evangelho [cf. Gn 3,15]), luta que iria terminar com a completa vitória sobre o pecado
e a morte, coisas que sempre estão juntas nos escritos do Apóstolo das gentes (cf. Rm 5 e 6;
1Cor 15,21-26.54-57). Por este motivo, assim como a gloriosa ressurreição de Cristo era parte
esencial e o último sinal desta vitória, assim também devia ser incluída a luta da santa Virgem,
a mesma que a de seu Filho, pela glorificação do corpo virginal. O mesmo Apóstolo dissera:
Quando o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá o que foi escrito: A
morte foi tragada pela vitória (1Cor 15,54; cf. Os 13,14).

Por conseguinte, desde toda a eternidade unida misteriosamente a Jesus Cristo, pelo mesmo
desígnio de predestinação, a augusta Mãe de Deus, imaculada na concepção, virgem
inteiramente intacta na divina maternidade, generosa companheira do divino Redentor, que
obteve pleno triunfo sobre o pecado e suas conseqüências, ela alcançou ser guardada imune da
corrupção do sepulcro, como suprema coroa dos seus privilégios. Semelhantemente a seu Filho,
uma vez vencida a morte, foi levada em corpo e alma à glória celeste, onde, rainha, refulge à
direita do seu Filho, o imortal rei dos séculos.

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