22/05/2015

SOMOS TODOS CHAMADOS À SANTIDADE

I. Apresentação Geral Estamos iniciando o "Curso por Correspondência" dirigido às Equipes Vocacionais Paroquiais (EVPs) das paróquias estigmatinas. Isto foi a maneira que descobrimos para ACOMPANHAR e POSSIBILITAR uma formação mais consistente àqueles que foram escolhidos pelo Senhor da Messe para este ministério tão fundamental na vida da Igreja. Por se tratar realmente de um curso, a Equipe Vocacional Paroquial deverá combinar um dia oportuno para reunir-se, facilitando a presença de todos os membros da equipe; criar um clima de oração; escolher a melhor maneira de estudar o texto; ter sempre em mãos a Sagrada Escritura, pois encontrarão várias citações bíblicas que não podem ser ignoradas; facilitar a participação de todos os membros, evitando a centralização numa só pessoa; escolher uma pessoa para anotar as respostas das perguntas que encontram no final do texto e enviá-las ao Secretariado Vocacional Estigmatino. É bom frisar que estas respostas são muito importantes para nós. A bem da verdade, este curso quer "ILUMINAR" a nossa caminhada, a fim de que os nossos passos sejam cada vez mais firmes e fecundos, buscando uma plena sintonia com os apelos de Deus na nossa história. Visto que toda caminhada tem um ponto de partida, um início, o qual deverá proporcionar impulso, sustentação e motivação ao longo de toda a trajetória, vamos começar refletindo e aprofundando um chamado que diz respeito a todos nós e, sem dúvida nenhuma, é o fundamento, aquele que REGE e CONDUZ todos os demais convites que Deus realiza na vida da Igreja e no mundo. Começaremos contemplando a vocação à santidade: "SOMOS TODOS CHAMADOS À SANTIDADE". Eis aí o primeiro tema deste curso. É a primeira e fundamental vocação que o Pai dirige a cada um de nós. Com muita ESPERANÇA iniciemos...

II. Contemplando a Sagrada Escritura "Não há santo como é santo o nosso Deus!" (1Sm 2.2). O povo da antiga aliança sempre teve consciência da santidade de Deus. É o que nós veremos agora! 1. A Santidade à luz do Antigo Testamento A palavra "santidade" no Antigo Testamento é freqüentemente usada na tentativa de manifestar a majestade incriada e inteiramente acessível a Deus, o totalmente diferente. Para confirmar, basta verificar que nos cânticos antigos de Moisés e de Ana (Ex 15,11; 1Sm 6.20), a santidade de Deus, como a sua glória, está acima de toda a criatura. Deus chama-se a si mesmo "o santo" porque o seu nome é santo (Sl 99,3.5.8; Lv 11,44; 19,2; 20,26; 21,8; Is 40,25; Pv 9,10; 30,3; Jó 6,10). Diante do Santo o homem quer fugir e desaparecer. É a experiência de Moisés diante da sarça ardente. Ouve a voz: "Afaste-te, porque o lugar que pisas é santo" (Ex 3,5). "Moisés tapou a cara com medo de olhar para Deus" (Ex 6,7). Mas ao mesmo tempo o Santo fascina e atrai; é pleno de sentido e repleto de luz. Moisés diante da mesma sarça diz de si para consigo mesmo: "Vou acercar-me e olhar este espetáculo tão admirável" (Ex 3,3). Todavia, este Deus assim santo, quer dizer, distante, tão outro e tão para além de tudo o que podemos pensar não é um Deus indiferente, neutro, insensível. Ele tem ouvidos e pode dizer: "Ouvi os clamores do meu povo, vi sua opressão, fiquei atento a seus sofrimentos" (Ex 3,6). O Deus bíblico e Pai de Jesus Cristo é um Deus ético. Isaías o diz genialmente: "O Deus Santo quer ser santificado na justiça" (5,16). Ele é justo, perfeito e bom. 2. Santidade à luz do Novo Testamento Jesus foi alguém que andou pela trilha da santidade. Não é sem razão que o Novo Testamento o apresenta como o Santo de Deus (Lc 4,34; Mc 1,24; Jo 6,69), isto é, aquele que purifica o mundo e fá-lo apto a glorificar a Deus. Mas em que consiste a santidade para Jesus Cristo? É o que vamos ver a seguir! a) A santidade como busca da perfeição Contemplando a pessoa de Jesus Cristo, sua prática e mensagem, nota-se que para ele a santidade é, antes de mais nada, uma incessante e profunda busca da perfeição na caridade; portanto, a alma da santidade é a caridade. Por essa razão, deve ser encarada como uma mensagem existencial, algo que deve ser buscado com todas as forças: "Portanto, DEVEIS... (Mt 5,48). Esta santidade tem como modelo e critério a santidade do Pai: "... ser perfeitos como o vosso Pai celestial é perfeito" (Mt 5,48). Jesus extasia-se com a perfeição do Pai. No silêncio da sua intimidade com o Criador, o Filho mergulha no mistério fascinante e contagiante daquela santidade, cuja luz o provoca a colocar-se plenamente à disposição do Pai: "Eis-me aqui para fazer a tua vontade" (Hb 10,9). Movido pela sua coerência de vida, "Jesus andou por toda a parte fazendo o bem, porque Deus estava com ele" (At 10,38). Sua presença santifica. Sua maneira de ser encanta; todos ficam calados quando ele fala; seu olhar cativa; seu toque de mão revitaliza; seus gestos comunicam uma força amorosa; seus passos são incansáveis e fecundos. É o cordeiro de Deus: "Quem me viu, viu o Pai" (Jo 14,9). b) A Santidade segundo São Paulo No que diz respeito à santidade, Paulo segue fielmente as pegadas do Mestre. Veja o belo texto de 1Cor 6,9-17, onde se diz que fomos santificados e justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus. Mas São Paulo não pára aí. Vai muito mais além. Ele elabora uma Teologia da Santidade. Suas contribuições são um tesouro precioso para a vida cristã. A seguir destacaremos três pontos importantes, a saber:
* Deus nos quer santos e sem defeito No sonho de Deus, nós, seus filhos adotivos somos contemplados como santos. Paulo faz questão de destacar que, antes de criar o mundo, Deus nos escolheu em Cristo, para que fôssemos santos e sem defeito (Ef 1,4). Isso significa que Deus quer partilhar conosco aquilo que Ele mesmo é, ou seja, a sua santidade. É Ele quem nos chama. É Ele quem nos escolhe. Somos convocados à santidade. * A santidade implica em uma mudança de vida O santo é, de acordo com Paulo, o Homem novo, uma realidade completamente nova, dinâmica, em contínua transformação. Em conseqüência disso, em se tratando de santidade não existe nada pronto, acabado, definido, feito; pelo contrário, tudo está sempre por se fazer. A partir desta compreensão, é trilhando o caminho da santidade que o homem vai sendo re-criado por Deus. Assim, o que mais conta são as decisões, as opções decorrentes de um sério discernimento. Ela se torna então um PROJETO DE VIDA; é desafiante, desinstala, provoca. Quanto a isso, São Paulo é muito contundente. Pior: é insistente. Veja algumas das suas exortações àqueles que almejam uma vida mais santa: “Vocês devem deixar de viver como viviam antes, como Homem Velho... e se revistam do Homem Novo...” (Ef 4,20-24); “Estejam atentos para a maneira como vocês vivem”(Ef 5,15); “Ocupem-se com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso...” (Fl 4,8); “Procurem as coisas do alto...” (Cl 3,1-4); “Não somos das trevas nem da noite. Estejam acordados e sóbrios...” (1Ts 5,5-9); “Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo...(Fl 2,5ss): “Procure apresentar-se a Deus como homem digno de ser aprovado...” (2Tm 2,15); “Continuem progredindo” (1Ts 4,1). * É na comunidade que se constrói a santidade Como vimos acima, São Paulo é categórico: A SANTIDADE É UM PROJETO DE VIDA. Com efeito, meditando as recomendações dirigidas por ele às comunidades, nota-se que tal projeto não se constrói isoladamente, trancados em nosso mundo e obedecendo ainda à antiga dinâmica “SALVA A TUA VIDA”. Muito pelo contrário. Ainda que não perca a sua dimensão pessoal, que por sinal é fundamental, a SANTIDADE É SOBRETUDO UM PROJETO DE VIDA COMUNITÁRIO. Quer dizer: ninguém fica sozinho. Observe estas orientações: “Vivam em harmonia uns com os outros. Não se deixem levar pela mania de grandeza...” (Rm 12,16); Nós, que somos os fortes, devemos suportar a fraqueza dos fracos, e não procurarmos o que nos agrada” (Rm 15,1). “Sejam humildes, amáveis, pacientes e suportem-se uns aos outros no amor” (Ef 4,2); “Que nenhuma palavra inconveniente saia da boca de vocês... Afastem de vocês qualquer aspereza, desdém, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade. Sejam bons e compreensivos uns com os outros” (Ef 4,29.31-32).  

III. A Santidade à luz dos documentos da Igreja 

Sobre a vocação à santidade, o Concílio Vaticano II teve palavras profundamente luminosas. Vale a pena conhecer o capítulo V da constituição dogmática LUMEN GENTIUM, cujo título é: “Vocação Universal à Santidade na Igreja”. É uma verdadeira riqueza para a espiritualidade cristã. A seguir, teremos a oportunidade de ver alguns pontos, além de outras citações de documentos que falam sobre a santidade. É a voz da Igreja nos convocando à santidade. Fiquemos atentos!
1. Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação “Cremos que a Igreja, cujo mistério é proposto pelo Sagrado Sínodo, é SANTA, pois Cristo, Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito Santo é proclamado “único Santo”, amou a Igreja como sua esposa. Por ela se entregou com o fim de santificá-la (Ef 5,25-26). Por isso, na Igreja todos, quer pertençam à Hierarquia, quer sejam por ele apascentados, são CHAMADOS À SANTIDADE, segundo as palavras do apóstolo: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3; Ef 1,4). (Cf. Lumen Gentium 39). 2. A Igreja é sinal e instrumento de santidade “Sendo a Igreja em Cristo um mistério, ela deve ser vista como SINAL E INSTRUMENTO DE SANTIDADE... Os santos e santas foram sempre fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis em toda a história a Igreja” (Vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo, 16). 3. Batismo: fonte de santidade “A vocação à santidade mergulha as suas raízes no BATISMO e volta a ser proposta pelos vários sacramentos, sobretudo pelo da EUCARISTIA: revestidos de Jesus Cristo e impregnados por seu Espírito, os cristãos são santos e, por isso, são habilitados e empenhados em manifestar a santidade do seu ser na santidade de todo o seu operar” (Vocação e missão dos leigos na Igreja, 16). 4. Guardem e aperfeiçoem a santidade que receberam “Os seguidores de Cristo, pelo batismo da fé, se tornaram verdadeiramente filhos de Deus e participantes da natureza divina e portanto REALMENTE SANTOS. É, pois, necessário que eles guardem e aperfeiçoem em sua vida a santidade que receberam. São admoestados pelo apóstolo a viverem “COMO CONVÉM A SANTOS” (Ef 5,3), e, “como escolhidos de Deus, SANTOS E AMADOS, se revistam de sentimentos de carinhosa compaixão, humildade, mansidão, longanimidade” (Cl 3,12), “e dêem os frutos do Espírito para a santificação” (Gl 5,22). (Lumen Gentium, 40).

5. Caminhos e meios à santidade “A vida segundo o Espírito, cujo fruto é a santificação (Rm 6,22), suscita e exige de todos e de cada um dos batizados o seguimento e a imitação de Jesus Cristo, no acolhimento das suas bem-aventuranças, na escuta e meditação da Palavra de Deus, na consciente e ativa participação da vida litúrgica e sacramental da Igreja, na oração individual, familiar e comunitária, na fome e sede de justiça, na prática do mandamento do amor em todas as circunstâncias da vida e no serviço aos irmãos, sobretudo os pequeninos, os pobres e doentes” (Vocação e missão dos leigos na Igreja..., 16). 6. A santidade é a chave do ardor renovado da nova evangelização “A Igreja é comunidade santa (1Pd 2,9)... Por isso, seus membros devem esforçar-se cada dia por vier, no seguimento de Jesus e em obediência ao Espírito, “Como santos e imaculados em sua presença pelo amor” (Ef 1,4). Estes são os homens e mulheres novos de que a América Latina e o Caribe necessitam: os que tendo escutado com o coração bom e reto (Lc 8,15) o chamado à conversão (Mc 1,15), e tendo renascido pelo Espírito Santo segundo a imagem perfeita de Deus, chamam a Deus Pai e expressam seu amor a Ele no reconhecimento de seus irmãos; são bem-aventurados porque participam das alegrias do céu, são livres com a liberdade que dá a Verdade e solidários com todos os homens, especialmente com os que mais sofrem” (Santo Domingo). IV. PERGUNTAS PARA 

REFLEXÃO:

 1. Leia atentamente a seguinte frase: “O caminho da perfeição passa pela cruz. Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual” (Catecismo da Igreja Católica, no 2015). A partir de tudo o que foi colocado, o que significa SANTIDADE? Procure encontrar em todo o texto outras frases que possuam alguma semelhança com o conteúdo desta, que foi tirada do catecismo da Igreja. 

2. Como vimos, a santidade não é uma realidade à margem da vida. É antes uma realidade na vida. Na opinião da equipe, é importante falar em santidade àqueles que se sentem chamados por Deus para uma vocação na Igreja? Por que é importante? 


3. O que mais chamou a atenção da equipe ao longo do texto? O que achou da idéia de um CURSO POR CORRESPONDÊNCIA? Gostaria de sugerir alguns temas?

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