I. Apresentação Geral
Estamos iniciando o "Curso por Correspondência" dirigido às Equipes Vocacionais
Paroquiais (EVPs) das paróquias estigmatinas. Isto foi a maneira que descobrimos para
ACOMPANHAR e POSSIBILITAR uma formação mais consistente àqueles que foram
escolhidos pelo Senhor da Messe para este ministério tão fundamental na vida da Igreja.
Por se tratar realmente de um curso, a Equipe Vocacional Paroquial deverá combinar
um dia oportuno para reunir-se, facilitando a presença de todos os membros da equipe;
criar um clima de oração; escolher a melhor maneira de estudar o texto; ter sempre em
mãos a Sagrada Escritura, pois encontrarão várias citações bíblicas que não podem ser
ignoradas; facilitar a participação de todos os membros, evitando a centralização numa só
pessoa; escolher uma pessoa para anotar as respostas das perguntas que encontram no
final do texto e enviá-las ao Secretariado Vocacional Estigmatino. É bom frisar que estas
respostas são muito importantes para nós.
A bem da verdade, este curso quer "ILUMINAR" a nossa caminhada, a fim de que os
nossos passos sejam cada vez mais firmes e fecundos, buscando uma plena sintonia com
os apelos de Deus na nossa história. Visto que toda caminhada tem um ponto de partida,
um início, o qual deverá proporcionar impulso, sustentação e motivação ao longo de toda a
trajetória, vamos começar refletindo e aprofundando um chamado que diz respeito a todos
nós e, sem dúvida nenhuma, é o fundamento, aquele que REGE e CONDUZ todos os
demais convites que Deus realiza na vida da Igreja e no mundo.
Começaremos contemplando a vocação à santidade: "SOMOS TODOS CHAMADOS À
SANTIDADE". Eis aí o primeiro tema deste curso. É a primeira e fundamental vocação que
o Pai dirige a cada um de nós. Com muita ESPERANÇA iniciemos...
II. Contemplando a Sagrada Escritura
"Não há santo como é santo o nosso Deus!" (1Sm 2.2). O povo da antiga aliança
sempre teve consciência da santidade de Deus. É o que nós veremos agora!
1. A Santidade à luz do Antigo Testamento
A palavra "santidade" no Antigo Testamento é freqüentemente usada na tentativa de
manifestar a majestade incriada e inteiramente acessível a Deus, o totalmente diferente.
Para confirmar, basta verificar que nos cânticos antigos de Moisés e de Ana (Ex 15,11;
1Sm 6.20), a santidade de Deus, como a sua glória, está acima de toda a criatura. Deus
chama-se a si mesmo "o santo" porque o seu nome é santo (Sl 99,3.5.8; Lv 11,44; 19,2;
20,26; 21,8; Is 40,25; Pv 9,10; 30,3; Jó 6,10).
Diante do Santo o homem quer fugir e desaparecer. É a experiência de Moisés diante
da sarça ardente. Ouve a voz: "Afaste-te, porque o lugar que pisas é santo" (Ex 3,5).
"Moisés tapou a cara com medo de olhar para Deus" (Ex 6,7). Mas ao mesmo tempo o
Santo fascina e atrai; é pleno de sentido e repleto de luz. Moisés diante da mesma sarça diz de si para consigo mesmo: "Vou acercar-me e olhar este espetáculo tão admirável" (Ex
3,3).
Todavia, este Deus assim santo, quer dizer, distante, tão outro e tão para além de tudo
o que podemos pensar não é um Deus indiferente, neutro, insensível. Ele tem ouvidos e
pode dizer: "Ouvi os clamores do meu povo, vi sua opressão, fiquei atento a seus
sofrimentos" (Ex 3,6). O Deus bíblico e Pai de Jesus Cristo é um Deus ético. Isaías o diz
genialmente: "O Deus Santo quer ser santificado na justiça" (5,16). Ele é justo, perfeito e
bom.
2. Santidade à luz do Novo Testamento
Jesus foi alguém que andou pela trilha da santidade. Não é sem razão que o Novo
Testamento o apresenta como o Santo de Deus (Lc 4,34; Mc 1,24; Jo 6,69), isto é, aquele
que purifica o mundo e fá-lo apto a glorificar a Deus. Mas em que consiste a santidade
para Jesus Cristo? É o que vamos ver a seguir!
a) A santidade como busca da perfeição
Contemplando a pessoa de Jesus Cristo, sua prática e mensagem, nota-se que para ele
a santidade é, antes de mais nada, uma incessante e profunda busca da perfeição na
caridade; portanto, a alma da santidade é a caridade. Por essa razão, deve ser encarada
como uma mensagem existencial, algo que deve ser buscado com todas as forças:
"Portanto, DEVEIS... (Mt 5,48).
Esta santidade tem como modelo e critério a santidade do Pai: "... ser perfeitos como o
vosso Pai celestial é perfeito" (Mt 5,48). Jesus extasia-se com a perfeição do Pai. No
silêncio da sua intimidade com o Criador, o Filho mergulha no mistério fascinante e contagiante
daquela santidade, cuja luz o provoca a colocar-se plenamente à disposição do
Pai: "Eis-me aqui para fazer a tua vontade" (Hb 10,9).
Movido pela sua coerência de vida, "Jesus andou por toda a parte fazendo o bem,
porque Deus estava com ele" (At 10,38). Sua presença santifica. Sua maneira de ser
encanta; todos ficam calados quando ele fala; seu olhar cativa; seu toque de mão
revitaliza; seus gestos comunicam uma força amorosa; seus passos são incansáveis e
fecundos. É o cordeiro de Deus: "Quem me viu, viu o Pai" (Jo 14,9).
b) A Santidade segundo São Paulo
No que diz respeito à santidade, Paulo segue fielmente as pegadas do Mestre. Veja o
belo texto de 1Cor 6,9-17, onde se diz que fomos santificados e justificados no nome do
Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus.
Mas São Paulo não pára aí. Vai muito mais além. Ele elabora uma Teologia da
Santidade. Suas contribuições são um tesouro precioso para a vida cristã. A seguir
destacaremos três pontos importantes, a saber:
* Deus nos quer santos e sem defeito
No sonho de Deus, nós, seus filhos adotivos somos contemplados como santos. Paulo
faz questão de destacar que, antes de criar o mundo, Deus nos escolheu em Cristo, para
que fôssemos santos e sem defeito (Ef 1,4). Isso significa que Deus quer partilhar conosco
aquilo que Ele mesmo é, ou seja, a sua santidade. É Ele quem nos chama. É Ele quem nos
escolhe. Somos convocados à santidade.
* A santidade implica em uma mudança de vida
O santo é, de acordo com Paulo, o Homem novo, uma realidade completamente nova,
dinâmica, em contínua transformação. Em conseqüência disso, em se tratando de
santidade não existe nada pronto, acabado, definido, feito; pelo contrário, tudo está
sempre por se fazer.
A partir desta compreensão, é trilhando o caminho da santidade que o homem vai sendo
re-criado por Deus. Assim, o que mais conta são as decisões, as opções decorrentes de
um sério discernimento. Ela se torna então um PROJETO DE VIDA; é desafiante,
desinstala, provoca. Quanto a isso, São Paulo é muito contundente. Pior: é insistente. Veja
algumas das suas exortações àqueles que almejam uma vida mais santa: “Vocês devem
deixar de viver como viviam antes, como Homem Velho... e se revistam do Homem Novo...”
(Ef 4,20-24); “Estejam atentos para a maneira como vocês vivem”(Ef 5,15); “Ocupem-se
com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso...” (Fl 4,8);
“Procurem as coisas do alto...” (Cl 3,1-4); “Não somos das trevas nem da noite. Estejam
acordados e sóbrios...” (1Ts 5,5-9); “Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia
em Jesus Cristo...(Fl 2,5ss): “Procure apresentar-se a Deus como homem digno de ser
aprovado...” (2Tm 2,15); “Continuem progredindo” (1Ts 4,1).
* É na comunidade que se constrói a santidade
Como vimos acima, São Paulo é categórico: A SANTIDADE É UM PROJETO DE VIDA.
Com efeito, meditando as recomendações dirigidas por ele às comunidades, nota-se que
tal projeto não se constrói isoladamente, trancados em nosso mundo e obedecendo ainda
à antiga dinâmica “SALVA A TUA VIDA”.
Muito pelo contrário. Ainda que não perca a sua dimensão pessoal, que por sinal é
fundamental, a SANTIDADE É SOBRETUDO UM PROJETO DE VIDA COMUNITÁRIO.
Quer dizer: ninguém fica sozinho. Observe estas orientações: “Vivam em harmonia uns
com os outros. Não se deixem levar pela mania de grandeza...” (Rm 12,16); Nós, que
somos os fortes, devemos suportar a fraqueza dos fracos, e não procurarmos o que nos
agrada” (Rm 15,1). “Sejam humildes, amáveis, pacientes e suportem-se uns aos outros no
amor” (Ef 4,2); “Que nenhuma palavra inconveniente saia da boca de vocês... Afastem de
vocês qualquer aspereza, desdém, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade. Sejam
bons e compreensivos uns com os outros” (Ef 4,29.31-32).
III. A Santidade à luz dos documentos da Igreja
Sobre a vocação à santidade, o Concílio Vaticano II teve palavras profundamente
luminosas. Vale a pena conhecer o capítulo V da constituição dogmática LUMEN
GENTIUM, cujo título é: “Vocação Universal à Santidade na Igreja”. É uma verdadeira riqueza
para a espiritualidade cristã. A seguir, teremos a oportunidade de ver alguns pontos,
além de outras citações de documentos que falam sobre a santidade. É a voz da Igreja nos
convocando à santidade. Fiquemos atentos!
1. Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação
“Cremos que a Igreja, cujo mistério é proposto pelo Sagrado Sínodo, é SANTA, pois
Cristo, Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito Santo é proclamado “único Santo”, amou
a Igreja como sua esposa. Por ela se entregou com o fim de santificá-la (Ef 5,25-26). Por
isso, na Igreja todos, quer pertençam à Hierarquia, quer sejam por ele apascentados, são
CHAMADOS À SANTIDADE, segundo as palavras do apóstolo: “Pois esta é a vontade de
Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3; Ef 1,4). (Cf. Lumen Gentium 39).
2. A Igreja é sinal e instrumento de santidade
“Sendo a Igreja em Cristo um mistério, ela deve ser vista como SINAL E INSTRUMENTO
DE SANTIDADE... Os santos e santas foram sempre fonte e origem de renovação nas
circunstâncias mais difíceis em toda a história a Igreja” (Vocação e missão dos leigos na
Igreja e no mundo, 16).
3. Batismo: fonte de santidade
“A vocação à santidade mergulha as suas raízes no BATISMO e volta a ser proposta
pelos vários sacramentos, sobretudo pelo da EUCARISTIA: revestidos de Jesus Cristo e
impregnados por seu Espírito, os cristãos são santos e, por isso, são habilitados e
empenhados em manifestar a santidade do seu ser na santidade de todo o seu operar”
(Vocação e missão dos leigos na Igreja, 16).
4. Guardem e aperfeiçoem a santidade que receberam
“Os seguidores de Cristo, pelo batismo da fé, se tornaram verdadeiramente filhos de
Deus e participantes da natureza divina e portanto REALMENTE SANTOS. É, pois, necessário
que eles guardem e aperfeiçoem em sua vida a santidade que receberam. São
admoestados pelo apóstolo a viverem “COMO CONVÉM A SANTOS” (Ef 5,3), e, “como
escolhidos de Deus, SANTOS E AMADOS, se revistam de sentimentos de carinhosa
compaixão, humildade, mansidão, longanimidade” (Cl 3,12), “e dêem os frutos do Espírito
para a santificação” (Gl 5,22). (Lumen Gentium, 40).
5. Caminhos e meios à santidade
“A vida segundo o Espírito, cujo fruto é a santificação (Rm 6,22), suscita e exige de
todos e de cada um dos batizados o seguimento e a imitação de Jesus Cristo, no
acolhimento das suas bem-aventuranças, na escuta e meditação da Palavra de Deus, na
consciente e ativa participação da vida litúrgica e sacramental da Igreja, na oração
individual, familiar e comunitária, na fome e sede de justiça, na prática do mandamento do
amor em todas as circunstâncias da vida e no serviço aos irmãos, sobretudo os pequeninos,
os pobres e doentes” (Vocação e missão dos leigos na Igreja..., 16).
6. A santidade é a chave do ardor renovado da nova evangelização
“A Igreja é comunidade santa (1Pd 2,9)... Por isso, seus membros devem esforçar-se
cada dia por vier, no seguimento de Jesus e em obediência ao Espírito, “Como santos e
imaculados em sua presença pelo amor” (Ef 1,4). Estes são os homens e mulheres novos
de que a América Latina e o Caribe necessitam: os que tendo escutado com o coração
bom e reto (Lc 8,15) o chamado à conversão (Mc 1,15), e tendo renascido pelo Espírito
Santo segundo a imagem perfeita de Deus, chamam a Deus Pai e expressam seu amor a
Ele no reconhecimento de seus irmãos; são bem-aventurados porque participam das
alegrias do céu, são livres com a liberdade que dá a Verdade e solidários com todos os
homens, especialmente com os que mais sofrem” (Santo Domingo).
IV. PERGUNTAS PARA
REFLEXÃO:
1. Leia atentamente a seguinte frase: “O caminho da perfeição passa pela cruz. Não existe
santidade sem renúncia e sem combate espiritual” (Catecismo da Igreja Católica, no
2015).
A partir de tudo o que foi colocado, o que significa SANTIDADE? Procure encontrar em
todo o texto outras frases que possuam alguma semelhança com o conteúdo desta, que
foi tirada do catecismo da Igreja.
2. Como vimos, a santidade não é uma realidade à margem da vida. É antes uma realidade
na vida. Na opinião da equipe, é importante falar em santidade àqueles que se sentem
chamados por Deus para uma vocação na Igreja? Por que é importante?
3. O que mais chamou a atenção da equipe ao longo do texto? O que achou da idéia de
um CURSO POR CORRESPONDÊNCIA? Gostaria de sugerir alguns temas?
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