16/07/2015

Texto da Palestra dada pelo Pe. Luiz Alves de Lima SOBRE Iniciação à Vida Cristã, no I Nordestão de Catequese, em novembro de 2013

I – Iniciação à Vida Cristã A expressão procura traduzir a comunicação de uma fé que não se reduz à intimidade com Jesus Cristo, mas que tenha reflexos e influências vitais na própria existência, levando à participação da comunidade, que no seu conjunto, deve dar Testemunho do Evangelho. “Apesar de todo esforço, o modelo atual de transmissão da fé é precário! A Iniciação Cristã é pobre e fragmentada” (DAp 287). Temos uma multidão de iniciados ontologicamente na fé, mas não existencialmente! (falsa compreensão do princípio: “ex opere operato”). A catequese, como a temos hoje, é fruto de uma longa história. Ela nasceu dentro da estrutura do CATECUMENATO, ou seja, do processo de iniciação cristã, como o longo momento do ensino, da instrução, do aprofundamento doutrinal… Mas tudo isso estava rodeado de muitas outras práticas, que ao longo dos séculos desapareceram… Restou só esse grande momento do ensino, chamado “catequese”…Viviase a época da cristandade! Na verdade, quem iniciava mesmo na fé, era esse ambiente e ar cristão que se respirava por todo lado! Num clima de cristandade tudo já leva à prática cristã. O grande esforço da Pastoral era alimentar e fortificar a fé. 

Hoje: Igreja Missionária. Era (é) uma pastoral mais de conservação ou manutenção, do que propriamente de avanços e conquistas. A catequese, em geral para crianças, se dedicava mais à doutrina... A primeira adesão a Jesus Cristo já era suposta, como fruto da família. Diz o nº 38 das Diretrizes Gerais: “Em outras épocas a apresentação de Jesus se dava através de um mundo que se concebia cristão. Família, sociedade e escola em geral, ao mesmo tempo em que ajudavam a inserir na cultura, apresentavam também a pessoa e a mensagem de Jesus”. E o nº 39 das mesmas Diretrizes Gerais. “Em outras épocas, era possível pressupor que: o primeiro contato com a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo acontecia em sociedade, possibilitado pelos diversos mecanismos culturais, fazendo com que a ação evangelizadora se preocupasse mais com a purificação e a retidão doutrinais, com a moral e com os sacramentos”. 

O mundo mudou! O Evangelho já não influencia toda sociedade... Em muitos lugares já se vive uma espécie de pós-cristianismo (CT 57; DGC 110)! Para muitos de nossos contemporâneos o cristianismo já não diz mais nada... não é significativo. . . Ainda as novas DG: Em nossos dias, meios utilizados em outros tempos para o anúncio de Jesus Cristo, já não possuem a mesma eficácia de antes. Olhemos a família, chamada a ser a grande transmissora da fé e dos valores. Tamanhas têm sido as transformações que a instituição familiar já não possui o mesmo fôlego de outras épocas para cumprir essa missão indispensável... Essa situação exige uma radical transformação no modo de concretizar a ação evangelizadora. Aparecida 100d: “Na evangelização, na catequese e, em geral, na pastoral, persistem também linguagens pouco significativas para a cultura atual e em particular, para os jovens. Muitas vezes, as linguagens utilizadas parecem não levar em consideração a mutação dos códigos existencialmente relevantes nas sociedades influenciadas pela pósmodernidade e marcadas por um amplo pluralismo social e cultural”. “As mudanças culturais dificultam a transmissão da Fé por parte da família e da sociedade. Frente a isso, não se vê uma presença importante da Igreja na geração de cultura, de modo especial no mundo universitário e nos meios de comunicação”. Diante desse quadro, “hoje a Igreja retoma e renova sua consciência missionária: ela existe para evangelizar. Esta é sua graça e vocação própria, sua mais profunda identidade (cf. EN 14). No centro dessa questão missionária está o conceito de “evangelizar”! Ou seja “proclamar a Boa Nova de Jesus Cristo”. A Evangelização é propriamente o anúncio de Jesus Cristo, do QUERIGMA! Ou seja: a essência do Evangelho. Todo o sentido e a própria razão de ser da Igreja está em sua ação missionária na sociedade. Ela deve tornar visível e atuante na história a salvação de Jesus Cristo, ela deve ser um autêntico sacramento. Portanto, sua identidade mais profunda é: ser missionária, estar voltada para o mundo, fazer-se compreendida e significativa para seus contemporâneos. 

O NT está cheio de formulações querigmáticas: Jesus é o Senhor, é o único Salvador. Ele morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa salvação! Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, ó Pai, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste. Em nosso contexto de um mundo descristianizado, a Catequese assume as características da Evangelização. É uma catequese evangelizadora! Cristo no Centro. A centralidade da proposta de Jesus Cristo. O CRISTOCENTRISMO é um dos princípios fundamentais da evangelização e catequese. O cristocentrismo é trinitário: Jesus revela e conduz ao Pai e ao Espírito Santo O fim de toda a vida cristã é o Pai. Jesus é o “caminho” que conduz ao Pai no Espírito Santo. “Mudanças de época... São tempos propícios para a volta às fontes e busca dos aspectos centrais da fé. Esta é a grande diretriz evangelizadora que, nesse início de séc. XXI acompanha a Igreja: não colocar outro fundamento que não seja Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e sempre” (DG 2011-2015 nº 240) Aparecida convida “abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé” e a uma “conversão pastoral e renovação missionária...” 

(no.375) Conversão Pastoral em Aparecida: Terceira Parte: A VIDA DE JESUS CRISTO PARA NOSSOS POVOS Capítulo 7 - A MISSÃO DOS DISCÍPULOS A SERVIÇO DA VIDA PLENA 7.2 Conversão pastoral e renovação missionária das comunidades No. 280 - Bispos, presbíteros, diáconos permanentes, consagrados e consagradas, leigos e leigas, somos chamados para assumir uma atitude de permanente conversão pastoral, que implica escutar com atenção e discernir “o que o Espírito está dizendo às Igrejas” (Ap 2, 29). No. 384 de Aparecida: A Conversão pastoral de nossas comunidades exige que se passe de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária. Assim, será possível que “o único objetivo do Evangelho continue a penetrar na historia de cada comunidade eclesial” (NMI 12) com novo ardor missionário, fazendo com que a Igreja se manifeste como una mãe que sai ao encontro, uma casa acolhedora, uma escola permanente de comunhão missionária. As Diretr. Gerais citam Aparecida nº 26: “Uma verdadeira conversão pastoral deve estimular-nos e inspirar-nos atitudes e iniciativas de autoavaliação e coragem de mudar e coragem de mudar várias estruturas pastorais em todos os níveis, serviços, organismos e associações. Temos a necessidade urgente de viver na Igreja a paixão que norteia a vida de Jesus Cristo: o Reino de Deus, fonte de graça, justiça, paz e amor. 

Por esse Reino, o Senhor deu sua vida”. Conversão Pastoral: Conversão de uma Igreja de cristandade para uma Igreja missionária; Conversão à realidade do mistério e iniciação a ele; Conversão à recuperação da unidade dos três Sacramentos: Batismo, Confirmação e Eucarístia. Conversão ao catecumenato pré e pós batismal; Aparecida faz distinção entre: INICIAÇÃO CRISTÃ (como catequese básica) e CATEQUESE PERMANENTE (formação continuada) As Diretrizes Gerais falam até em “processo permanente de iniciação” (42), ela deve acontecer não apenas uma vez na vida, mas no sentido que a IVC “não se esgota nos sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia” (41). O certo é que “o estado permanente de missão só é possível a partir de uma efetiva Iniciação à Vida Cristã” (39) “Assumir a iniciação cristã exige não somente uma renovação da catequese, mas também uma reestruturação de toda a vida pastoral da paróquia”. “Propomos que o processo catequético de formação adotado pela Igreja [primitiva] para a iniciação cristã seja assumido em todo o Continente como a maneira ordinária e indispensável de introdução na vida cristã e como a catequese básica e fundamental. Depois, virá a catequese permanente que continua o processo de amadurecimento da fé”. (DAp 294). A dimensão missionária da iniciação cristã “deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais da Diocese, paróquias, comunidades religiosas, movimentos e de qualquer instituição da Igreja”. (DAp 365). Processo de iniciação à vida cristã: muito mais exigente e comprometedor do que a tradicional “preparação para os sacramentos” E ainda as Diretrizes Gerais nº 39: “O estado permanente de missão só é possível a partir de uma efetiva iniciação à vida cristã” E no nº 40: “é preciso ajudar as pessoas a conhecer Jesus Cristo, fascinar-se por Ele e optar por segui-Lo”. O Catecumenato descrito no RICA não é só para adultos não batizados, mas também para batizados, não plenamente iniciados ou que querem aprofundar a própria iniciação. Grandes documentos do Concílio: GAUDIUM ET SPES E AD GENTES – Vigência e importância da GS no pós-concílio: diálogo com o mundo, transformação social. A redescoberta da AG hoje: contexto missionário, catecumenal. Hoje mudança de paradigmas. Não só renovar algumas metodologias, novos subsídios e melhorar a formação de catequistas. Não é suficiente uma “maquiagem” no atual modelo. Trata-se de alterar a própria estrutura da tradicional “preparação para os sacramentos” e propor um novo paradigma evangelizador -catequético. Esquema do Texto Baseia-se no insistente pedido de Aparecida: “Impõe-se a tarefa irrenunciável de oferecer uma modalidade [operativa!] de iniciação cristã, que além de marcar o quê, dê também elementos para o quem, o como e o onde se realiza. Dessa forma, assumiremos o desafio de uma nova evangelização, à qual temos sido reiteradamente convocados” (nº 287). A esses 4 elementos (o quê, quem, como e onde) acrescentou-se: por quê? onde? Quem irá fazer isso? Esquema do Texto IVC O texto ficou estruturado em cinco capítulos I – Iniciação à vida cristã: por quê? - Motivações – Therezinha Cruz II – Iniciação à vida cristã: o que é? - Natureza – Pe. L. A. Lima III – Iniciação à vida cristã: como? - Metodologia – Pe. D. Ormonde – Dom Manoel João IV – Iniciação à vida cristã: para quem? - Destinatários – Interlocutores – Ir. Marlene Santos V – Iniciação à vida cristã: com quem? onde? - Agentes e Lugares - Ir. Israel Nery. Cap. I – MOTIVAÇÕES E RAZÕES: POR QUE A INICIAÇÃO CRISTÃ? Parte da indagação sobre o sentido da vida: buscar a fonte do mistério da própria existência, a resposta da fé, insuficiência de respostas apenas doutrinais, adesão vital a Jesus Cristo. O PROCESSO INICIÁTICO é uma necessidade religiosa e antropológica Importância dos ritos, símbolos, celebrações na realidade humana. JESUS assim procedeu: formou aos poucos, houve etapas no envio, na missão, no aprofundamento dos “segredos do Reino”. Os caminhos das primeiras gerações cristãs: o catecumenato. A eficácia do Catecumenato primitivo. Os cristãos formados pelo processo catecumenal e sua influência na sociedade. O DESENVOLVIMENTO DO CATECUMENATO seu início (séc. II), seu ponto alto (séc. III – V) e sua decadência (séc. VI). Cristandade: o catecumenato social (a partir do séc. VII... até hoje?) Apesar dos maravilhosos frutos da Evangelização em muitos lugares e situações: houve e há mais sacramentalização (célebres desobrigas!) que verdadeira iniciação à vida cristã. Fenômeno histórico da secularização e descristianização... medíocre pragmatismo (Ratzinger). Aparecida questiona a maneira como educamos na fé e alimentamos a experiência cristã..: “É um desafio que devemos encarar com decisão, com coragem e criatividade, visto que em muitas partes a iniciação cristã tem sido pobre e fragmentada” (DAp 287). Aparecida: “Uma comunidade que assume a iniciação cristã renova sua vida comunitária e desperta seu caráter missionário. Isso requer novas atitudes pastorais por parte dos bispos, presbíteros, pessoas consagradas e agentes de pastoral” (DAp 291). Perguntas: 1. Aí em sua realidade, quais costumam ser os motivos que as pessoas têm para se aproximar ou se afastar da Igreja? 2. Como seria para você, uma comunidade atraente, de testemunho convincente? 3. Você conhece pessoas batizadas que não se sentem Igreja? Porque será que isso acontece? II – O QUE É INICIAÇÃO Iniciação está sempre relacionada ao mistério. Muitas não se entende o que é Iniciação pois não se entende o que é Mistério... Iniciação não é curso, estudo, treinamento... é muito mais!!! O Catecumenato se inspira em práticas antigas de religiões pagãs (religiões mistéricas). Trata-se de um processo de iniciação, no sentido mais profundo e rico. Etimologia: in - ire = ir para dentro In-iter = en-caminhamento Intro-ducere = conduzir para dentro, introdução. A palavra Iniciação não se encontra na Bíblia, mas muito a palavra Mistério. A Iniciação era uma prática comum, mas não uniforme em todas as comunidades já espalhadas por toda bacia do Mediterrâneo. “A vós é confiado o mistério do Reino de Deus” (Mc 4, 11) Mistério aparece pouco no Antigo Testamento, é muito usado no Corpus Paulinum; significa o desígnio divino de salvação, que para Paulo se concentra na pessoa de Jesus, sua vida, morte e ressurreição. Paulo contrapõe a “sabedoria humana” à “sabedoria misteriosa” de Deus (1Cor 2,7) e diz que sua missão é fazer conhecer a gloriosa riqueza deste mistério em meio aos gentios, ou seja, “o Cristo no meio de vós, esperança da glória” (Cl 1,27) e também iniciar os cristãos “no pleno entendimento e no conhecimento do mistério de Deus, que é Cristo, no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (cf. Cl 2,2) IVC 39. A mensagem cristã apresentada como mistério leva naturalmente à realidade da iniciação. Mistério: algo de fascinante, sublime, fantástico, inacessível, surpreendente, deslumbrante... segredo que se manifesta somente aos iniciados. O que é iniciação? É um processo exigente: um itinerário prolongado de preparação e compreensão vital, de acolhimento dos grandes segredos da fé (mistérios), da vida nova revelada em Cristo Jesus e celebrada na liturgia. A catequese, como elemento importante da iniciação à vida cristã, implica: um longo processo vital de introdução dos cristãos ainda não iniciados, seja qual for a sua idade, nos diversos aspectos essenciais da fé cristã. Não confunda estes conceitos: - Enigma e Mistério - Impossível e Mistério - Incognoscível e Mistério - Milagre e Mistério - Mito e Mistério - Problema e Mistério - Segredo e Mistério Não se trata de tudo, mas de um todo elementar e coerente, que forneça base sólida para a caminhada cristã "rumo à maturidade em Cristo". (cf Ef 4,13) A catequese é iniciação aos mistérios da fé. Mistério não é algo intelectual, mas uma realidade, um fato, uma ação, uma experiência vital celebrada e realizada no rito sacramental. MUOTENPLOV = Mystérion = grandes gestos de Deus salvando, desígnios do Pai “escondidos desde toda eternidade e agora revelados em Jesus Cristo”. Mistério = é Deus em nós agindo, salvando. É a revelação do amor do Pai que se torna visível na vida de seu Filho J. Cristo (ações e palavras) e que se prolonga na Igreja. É a presença do ausente! Tertuliano, para fugir da confusão do mistério cristão com os difundidíssimos e abundante O acesso ao mistério não é através de ensino teórico, ou aquisição de certas habilidades. É preciso ser iniciado a essas realidades maravilhosas através de experiências que marcam profundamente a pessoa. Os ritos iniciáticos, tão desenvolvidos na antiguidade... São um caminho eficaz para essa experiência. E mistérios pagãos traduziram por Sacramentum, ou seja, uma marca indelével que o soldado recebia... Outros padres latinos (como S. Ambrósio: De Misteriis) mantiveram o termo original, ou os dois. Mistério é uma realidade salvífica, objeto de Revelação, que se transmite na iniciação religiosa; por isso, se destina só aos “iniciados” (o arcano). Sentido derivado: segredo, coisa oculta, sinal sagrado... Sacramento (CNBB: Bíblia Sagrada, vocabulário final). O acesso ao mistério não é através de ensino teórico, ou aquisição de certas habilidades. É preciso ser iniciado a essas realidades maravilhosas através de experiências que marcam profundamente a pessoa.

 Os ritos iniciáticos, tão desenvolvidos na antiguidade... São um caminho eficaz para essa experiência. Os cristãos lançaram mão da dinâmica das religiões iniciáticas para a transmissão do mistério cristão cujo conteúdo é NOVO ! Para participar do mistério de Cristo Jesus era preciso passar por uma experiência impactante de transformação pessoal e deixar-se envolver pela ação do Espírito. O processo de transmissão da fé tornou-se, sim, iniciático em sua metodologia: descobrir o mistério da pessoa de Jesus e os mistérios do Reino, assumir os compromissos de seu caminho, viver a ascese requerida pela moral cristã... são realidades muito exigentes: Sem um verdadeiro processo de iniciação (catecumenato) não se alcança seu verdadeiro sentido. Quais são estes mistérios? Jesus Cristo Igreja, Sacramentos! mistérios. Jesus Cristo é o Sacramento do Pai. A Igreja é o Sacramento de Jesus Cristo. Os 7 sacramentos são os grandes sinais pelos quais a Igreja manifesta e realiza a ação de Deus que salva hoje! A catequese hoje adquire uma característica iniciática!! A dimensão catecumenal significa que a catequese é: - Experiência de Deus - Aprendizado de leitura bíblica - Celebrativa (símbolos e sinais) - E orante = Escola de oração O que é iniciação? A iniciação consiste num processo a ser percorrido, com metas, exercícios e ritos. Considerada como parte da iniciação cristã, a catequese não é uma supérflua introdução na fé, nem um verniz ou um cursinho de admissão à Igreja. O processo da iniciação: É um processo exigente: um itinerário prolongado de preparação e compreensão vital, de acolhimento dos grandes segredos da fé (mistérios), da vida nova revelada em Cristo Jesus e celebrada na liturgia. Catecumenato: Caminho antigo e eficiente, desenvolvido pelas comunidades cristãs, aprofundado pelos Santos Padres, acolhido e institucionalizado pela autoridade eclesiástica, núcleo do próprio desenvolvimento do ano litúrgico, gerado nesse processo. A mistagogia. Valor e pedagogia do Rito. Os processos iniciáticos, bem vividos, possuem a capacidade de fazer assimilar vitalmente as grandes experiências cristãs. Necessidade de revalorizar hoje esse itinerário iniciáticocatecumenal. Necessidade de formas de catequese que estejam verdadeiramente a serviço da iniciação cristã, na complexidade de suas exigências, como bem afirmam o Diretório Geral para a Catequese e o nosso Diretório Nacional de Catequese. Iniciação não é missão só da catequese: é trabalho de toda a comunidade, principalmente da dimensão litúrgica e dos ministros ordenados! Urgente união entre Liturgia e Catequese! Ênfase do Documento de Aparecida ao falar da necessidade urgente de assumir o processo iniciático na evangelização: “Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para seu seguimento, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora” (nº 287). Natureza da Iniciação Cristã Teologicamente, a Iniciação Cristã: 1) É obra do amor de Deus. 2) Esta obra divina se realiza na Igreja e pela mediação da Igreja. 3) Requer a decisão livre da pessoa: sentido dos escrutínios. 4) É a participação humana no diálogo da salvação. O modelo do itinerário catecumenal, em sua dimensão litúrgica é o RICA. Rito de Iniciação Cristã de Adultos. Ele possibilita a elaboração de itinerários diversos, de acordo com as necessidades de cada realidade. É um itinerário cristocêntrico e gradual, impregnado do Mistério Pascal. Itinerário catecumenal: * lugar privilegiado de inculturação; * garante uma formação intensa e integral; * está vinculado a ritos, símbolos e sinais; * e está em função da comunidade cristã. CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO: Que os catecúmenos sejam adequadamente iniciados. Estabelece as condições para admitir um adulto ao batismo (Can. 788, 2; 815, 1) RITUAL A INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS (=RICA) : Propõe itinerário progressivo de evangelização, catequese e mistagogia. Atenção: é um livro litúrgico, não catequético!!! Assim temos o seguinte esquema do RICA (Introdução + 6 capítulos + Apêndices ): Introdução ao Rito de Iniciação Cristã de Adultos Cap. I - Ritos do Catecumenato: -Celebração da entrada no Catecumenato -Ritos para o tempo do Catecumenato -Celebração da eleição – no primeiro domingo da Quaresma -Ritos para o tempo de purificação e iluminação (Quaresma) -Ritos de preparação imediata Batismo (no manhã de Sábado Santo) -Celebração dos Sacramentos de iniciação - na Vigília pascal. Cap. II - Ritos ABREVIADOS do Catecumenato. Cap. III - Rito abreviado de iniciação de adultos - em perigo de morte. Cap. IV - Preparação para a Confirmação e a Eucaristia de adultos que, batizados na infância, não receberam a devida catequese. Cap. V - Ritos de iniciação de criança em idade de catequese. Cap. VI - Textos diversos na celebração de iniciação cristã de adultos. Apêndice - Rito de admissão na plena comunhão da Igreja Católica das pessoas já batizadas validamente. O DIRETÓRIO GERAL PARA A CATEQUESE (1997) e O Diretório Nacional de Catequese (2006) optam por uma catequese a serviço da iniciação cristã. A dimensão catecumenal e iniciática é o vértice da catequese. RICA - RITUAL A INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS É organizado em quatro tempos (períodos) e em três celebrações ou etapas, como passagem para o tempo seguinte. No texto: descrição dos quatro tempos com suas três etapas. Faz distinção entre catecúmenos (não batizados) e catequizandos (já batizados). Itinerário Catecumenal conforme o RICA O pré-catecumenato (1º tempo) Rito de admissão ao catecumenato (1ª etapa) O catecumenato (2º. Tempo) Celebração da eleição/inscrição (2ªetapa) Purificação e iluminação (3º. Tempo) Celebração dos Sacr. da Iniciação (3ª etapa) Mistagogia (4ºTempo). O ITINERÁRIO E AS ETAPAS DA INICIAÇÃO CRISTÃ - CATECUMENATO - CONFORME O RICA PRÉ-CATECUMENATO - Etapa do acolhimento na comunidade cristã - Primeira evangelização - Inscrição e colóquio com o catequista. - Ritos Celebração da Entrada CATECUMENATO - Etapa suficientemente longa para: CATEQUESE – REFLEXÃO - APROFUNDAM. – - Vivência cristã (conversão) - Entrosamento com a Igreja. - Ritos Celebração da Eleição PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO - QUARESMA - Preparação próxima para Sacramentos - CATEQUESE - Práticas quaresmais (CF, etc.) - Ritos Celebração dos Sacramentos de iniciação cristã na Vigília Pascal MISTAGOGIA Aprofundamento e vivência do mistério cristão-mistério pascal. Terminada a IVC o cristão continua sua formação permanente na C. Nas etapas (grandes celebrações da passagem de um tempo para o outro) são feitas as entregas: - Palavra de Deus - Símbolo da Fé (Credo) - Oração do Senhor... e outras. - Outros rituais: unções, exorcismos, escrutínios. Características complementares O catecumenato é caracterizado pela: - a atenção à formação integral e vivencial, - a dimensão orante, - a prática da caridade e a renúncia de si mesmos, - acompanhamento dos introdutores, - a contribuição dos padrinhos e membros da comunidade, - a participação gradativa nas celebrações da comunidade, - e estímulo ao testemunho de vida, - Íntima cooperação entre catequese e liturgia. Os conteúdos da Catequese dentro do Catecumenato, são os mesmos apresentados pelo DGC e DNC: as sete pedras fundamentais: - As quatro colunas da exposição da fé (dimensão racional, doutrinal) - e As três etapas da história da salvação (dimensão narrativa, vital). As quatro colunas, provindas da tradição dos catecismos, são: a) Crer em Deus, uno e trino, Criador-Salvador-Santificador e seu desígnio salvífico (Credo); b) Celebrar o mistério pascal nos sacramentos que têm o batismo e eucaris-tia como centro (Liturgia -Sacramentos); c) Viver o mandamento do amor a Deus e ao próximo (Bem-aventuranças - mandamentos); d) Rezar para que o Reino se realize (Pai-Nosso). E as três etapas da história da salvação, conteúdo catequético provindo da tradição patrística, são: Antigo Testamento: primeira aliança e prefiguração da nova; Novo Testamento: realização em Jesus Cristo e comunidade apostólica; História da Igreja: desde sua fundação aos dias de hoje. O Catequista hoje, mais do que um pedagogo, deve ser um mistagogo. A palavra mistagogia vem do grego miste + agein. Misté+aguéin = ou seja conduzir ao mistério: Assim como Pedagogia = paidos + agein. Paidós +aguéin = ou seja conduzir a criança. e) Organize-se uma Comissão de Coordenação da Iniciação à Vida Cristã, com os encarregados da tradicional preparação ao Batismo, à Confirmação e à Eucaristia, a ser substituída pelo processo da Iniciação à Vida Cristã. Essa equipe é fundamental para o bom desenvolvimento do processo da Iniciação cf nºs 146-148. Conclusão Palavra final de alegria, otimismo e ação de graças, citando Aparecida: “A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio. [...] Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp 29). Perguntas 1) Quais as propostas deste capítulo que, se forem efetivamente colocadas em prática, ajudarão a transformar a catequese e ajudar a renovar a Igreja? 2) Que sugestões você daria para mudar profundamente o processo de formação dos catequistas e demais agentes de pastoral à luz das orientações desse capítulo? 3) Como deveria ser a mudança das estruturas eclesiais (diocesanas e paroquiais) para que o que se propõe nesse capítulo possa sair do papel e passar para a prática? O SÍNODO E A CATEQUESE O Sínodo dedica duas proposições à catequese. A primeira, tendo em consideração um conceito multissecular de catequese concebida quase que exclusivamente em seu caráter infantil, endereçada à preparação para receber os sacramentos, o Sínodo releva a importância da catequese com adultos, apontando imediatamente para o catecumenato. Assim, pois, afirma a Proposição 28 (intitulada: a Catequese de Adultos): "Não se pode falar de NE se a catequese de adultos for inexistente, fragmentada, fraca ou descuidada”. Quando tais defeitos se fazem presentes, a atividade pastoral se torna um sério desafio.Os tempos, etapas e graus do catecumenato da Igreja mostram como, através da dimensão bíblica, catequética, espiritual e litúrgica, a vida de uma pessoa e sua caminhada de fé podem ser entendidas como uma vocação através da relação com Deus. Nisso, o caráter público da decisão pela fé que o catecúmeno faz, crescendo passo a passo na comunidade e na diocese, tem um impacto positivo em todos os fiéis” (Proposição 28). A 2ª. Proposição a falar da Catequese (no. 29, intitulada "A Catequese, os Catequistas e o Catecismo"), reafirma a importância da catequese na NE, para logo em seguida se deter na pessoa do catequista e do Catecismo da Igreja Católica. Eis o texto: "A catequese renovada é fundamental para a NE. O Sínodo chama a atenção sobre o serviço indispensável que os catequistas prestam às comunidades eclesiais e expressa sua profunda gratidão por sua dedicação. Todos os catequistas, que, por sua vez, são evangelizadores, têm que estar bem preparados. Deve-se fazer todo esforço, dentro das possibilidades da situação local, para proporcionar uma formação de catequistas com um forte caráter eclesial, e que seja igualmente espiritual, doutrinal, bíblica e pedagógica. O testemunho pessoal de fé é, em si mesmo, uma poderosa forma de catequese. O Catecismo da Igreja Católica e seu Compêndio são, antes de tudo, um recurso para o ensino da fé e apoio aos adultos na Igreja em sua missão evangelizadora e de catequese. De acordo com a Carta Apostólica Ministéria Quaedam do Papa Paulo VI, “as Conferências Episcopais, têm a possibilidade de pedir à Santa Sé a instituição do ministério do catequista” (Prop. 29). 

A INICIAÇÃO CRISTÃ NO SÍNODO A Proposição 38 se intitula: A Iniciação Cristã a NE. Num primeiro momento estabelece a importância da Iniciação Cristã dentro da NE, pedindo que ela adquira uma inspiração catecumenal e, consequentemente uma permanente mistagogia. Num momento, timidamente, pede que se dê atenção a uma proposta de Bento XVI em vista de uma mudança na sequência da recepção dos três sacramentos da iniciação. Eis o texto: "O Sínodo declara que a iniciação cristã é um elemento crucial na NE e é o meio pelo qual a Igreja, como mãe, dá à luz seus filhos e se regenera. Portanto, propomos que o tradicional processo de iniciação cristã, que tem se tornado frequentemente em simples preparação próxima aos Sacramentos, seja considerada em todos os lugares com uma inspiração catecumenal, dando maior relevância à permanente mistagogia e, deste modo, tornando-se verdadeira iniciação à vida cristã através dos Sacramentos” (cf. DGC 91). Nesta perspectiva, a situação atual no que diz respeito aos três Sacramentos da iniciação cristã não deixa de ter consequências: apesar da sua unidade teológica, são pastoralmente diversos. Nas comunidades eclesiais essas diferenças não são de caráter doutrinal, mas de critério pastoral. Contudo, o Sínodo pede que se torne um estímulo para as Dioceses e Conferências Episcopais aquilo que o Santo Padre afirmou na Sacramentum Caritatis 18, para que sejam revistas as próprias práticas sobre a iniciação cristã: “Em concreto, é necessário verificar qual seja a prática que melhor pode, efetivamente, ajudar os fiéis a colocarem no centro o Sacramento da Eucaristia, como realidade para qual tende toda a iniciação” (Sacramentum Caritatis 18). (Proposição 38) Ou seja: há uma tímida sugestão que se mude a ordem desses três sacramentos: Batismo, Crisma, Eucaristia.

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