23/11/2011

Segundo Século da era Cristã Situação Política: Caio Plínio Cecílio

Caio Plínio Cecílio Segundo (em latim: Caius Plinius Caecilius Secundus; Como 61 ou 62 - Bitínia? 114), também conhecido como Plínio, o Jovem, o Moço ou o Novo, foi orador insígne (Panegírico de Trajano, 100), jurista, político, e administrador imperial na Bitínia (111-112). Sobrinho-neto de Plínio, o Velho, que o adoptou, estava com o mesmo no dia da grande erupção do Vesúvio (79 d.C.), mas não o acompanhou na viagem de barco até o vulcão em erupção que se revelaria mortal. Seus escritos sobre esse dia, no qual Pompeia se afogou em cinzas, são o principal documento escrito que versam a respeito de como sucedeu tal erupção. Hoje, as erupções desse tipo são chamadas de erupções plinianas.
Plínio, o Jovem iniciou-se na vida pública aos 18 anos, primeiro como advogado, onde os seus dotes oratórios começaram a ser notados, em julgamentos de funcionários imperiais e militares acusados de delitos políticos. No ano de 93 foi nomeado pretor e posteriormente cônsul e governador da Bitínia em 111, onde viria a morrer.

Da sua oratória o Panegyricus Traiano Dictus ("Panegírico de Trajano"), foi única peça oratória sua que se conservou. Nela, Plínio, ao estilo da época, agradece a sua nomeação para cônsul. De outros textos sobreviventes, sabemos que se dedicou ao estudo do âmbar e suas qualidades, comparando-o com a pedra-ímã, cujas propriedades já eram bastante conhecidas.

O seu legado principal são as suas litterae curatius scriptae, 247 missivas escritas a amigos, no estilo da época entre os anos de 97 e 109. Nelas encontramos das melhores descrições da vida quotidiana, política etc. da Roma Imperial. As cartas estão agrupadas em nove livros, acrescidos de um décimo volume, que contém as duas célebres cartas (Plin. Ep. X.95, 96) que abordam o tema do cristianismo, um dos primeiros documentos não neotestamentários sobre a igreja primitiva. As cartas que compõem o Livro X foram escritas durante o seu consulado na Bitínia: são 122 ao todo, trocadas com o imperador Trajano, onde é visível a sua grande proximidade e confiança mútuas.

Leia a Carto de Plinio a Trajano

Tenho por praxe, Senhor, consultar Vossa Majestade nas questões duvidosas. Quem melhor dirigirá minha incerteza e instruirá minha ignorância? Nunca presenciei nenhum julgamento de cristãos. Por isso ignoro as penalidades e investigações costumeiras, bem como as pautas em uso. Tenho muitas dúvidas a respeito de certas questões, tais como: estabelecem-se diferenças e distinções de acordo com a idade? Cabe o mesmo tratamento a enfermos e robustos? Aqueles que se retratam devem ser perdoados? A quem sempre foi cristão, compete gratificar quando deixa de sê-lo? Há de punir-se o simples fato de alguém ser cristão, mesmo que inocente de qualquer crime, o exclusivamente os delitos praticados sob esse nome?

Entretanto, eis o procedimento que adotei nos casos que me foram submetidos sob acusação de cristianismo. Aos incriminados pergunto se são cristãos. Na afirmativa, repito a pergunta segunda e terceira vez, ameaçando condená-los à pena capital. Se persistirem, condeno-os à morte. Não duvido que, seja qual for o crime que confessem, sua pertinácia e obstinação inflexíveis devem ser punidas. Alguns apresentam indícios de loucura; tratando-se de cidadãos romanos, separo-os para enviá-los a Roma.

Mas o que geralmente se dá é o seguinte: o simples fato de julgar essas causas confere enorme divulgação às acusações, de modo que meu tribunal está inundado com uma grande variedade de casos. Recebi uma lista anônima com muitos nomes.

Os que negaram ser cristãos, considerei-os merecedores de absolvição. De fato, sob minha pressão, devotaram-se aos deuses e reverenciaram com incenso e libações vossa imagem colocada, para este propósito, ao lado das estátuas dos deuses, e, pormenor particular, amaldiçoaram a Cristo, coisa que um genuíno cristão jamais aceita fazer. Outros inculpados da lista anônima começaram declarando-se cristãos e, logo, negaram sê-lo, declarando ter professado esta religião durante algum tempo e renunciando a ela há três ou mais anos; alguns a tinham abandonado há mais de vinte anos.

Todos veneraram vossa imagem e as estátuas dos deuses, amaldiçoando a Cristo. Foram unânimes em reconhecer que sua culpa se reduzia apenas a isso: em determinados dias, costumavam comer antes da alvorada e rezar responsivamente hinos a Cristo, como a um deus; obrigavam-se por juramento não a algum crime, mas à abstenção de roubos, rapinas, adultérios, perjúrios e sonegação de depósitos reclamados pelos donos. Concluído este rito, costumavam distribuir e comer seu alimento. Este, aliás, era um alimento comum e inofensivo.

Eles deixaram essas práticas depois do edito que promulguei, de conformidade com vossas instruções, proibindo as sociedades secretas. Julguei ser mais importante descobrir o que havia de verdade nessas declarações através da tortura a duas moças, chamadas diaconisas, mas nada achei senão superstição baixa e extravagante. Suspendi, portanto, minhas observações na espera do vosso parecer.

Creio que o assunto justifica minha consulta, mormente tendo em vista o grande número de vítimas em perigo. Muita gente, de todas as idades e de ambos os sexos, corre o risco de ser denunciada e o mal não terá como parar. Esta superstição contagiou não apenas as cidades, mas as aldeias e até as estâncias rurais.

Contudo, o mal ainda pode ser contido e vencido. Sem dúvida os templos que estavam quase desertos são novamente freqüentados; os ritos sagrados há muito negligenciados, celebram-se de novo; vítimas para sacrifícios estão sendo vendidas por toda a parte, ao passo que, até recentemente, raramente um comprador era encontrado. Esses indícios permitem esperar que legiões de homens sejam susceptíveis de emenda, desde que tenham a oportunidade de se retratar.


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