13/12/2011

Caminhos de Santiago na Europa Medieval



Três instituições de Portugal, Espanha e França apresentam quinta-feira um projecto para redescobrir e dinamizar itinerários, recuperar património e criar albergues e pontos de apoio aos peregrinos do caminho da peregrinação a Santiago de Compostela.

O “Loci Iacobi – Lugares de Santiago”, promovido pelo governo autónomo da região espanhola da Galiza, Comunidade Urbana da cidade francesa de Le Puy-en-Velay e Diocese de Beja, é apresentado no Seminário Internacional “O Caminho de Santiago e a Identidade Europeia”, que vai decorrer no Centro Cultural de Alvito (Beja).

“O principal intuito é contribuir para dinamizar itinerários usados ao longo dos séculos pelos peregrinos”, redescobrindo os “outrora famosos mas que caíram no esquecimento”, como os do Baixo Alentejo, e criar novos, explicou hoje à Lusa o director do Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA) da Diocese de Beja, José António Falcão.

Em Espanha e França, a marcação dos itinerários “está a ser feita com grande disciplina e há uma articulação de esforços entre as autoridades diocesanas e civis”, mas em Portugal “há a tendência de cada concelho marcar unilateralmente o seu caminho de Santiago”.

“Isto é complicadíssimo” porque “muitos dos caminhos não foram marcados com critério científico, não são reconhecidos pela Igreja, desembocam no nada, não têm continuidade e, por isso, não são praticáveis”, disse.

“Não se pode actuar isoladamente. A organização é a chave do sucesso”, frisou, defendendo que “é necessário um esforço concertado”, aos níveis nacional e internacional.

O projecto, orçado em um milhão de euros e que irá decorrer até final de 2011, vai “identificar os itinerários mais praticáveis” para “obter a sua homologação pelas entidades religiosas e civis”, ou seja, as dioceses, a Junta da Galiza e a Unesco, explicou José António Falcão.

Depois, “é preciso criar condições de circulação, albergues e pontos de apoio”, “uma das grandes lacunas com que se deparam os peregrinos”, e “recuperar e tornar acessíveis os monumentos e outros valores culturais e naturais associados ao Caminho”.

Após a restauração da independência de Portugal, lembrou, por “motivos nacionalistas” e “porque se pensava que o Caminho de Santiago era uma coisa espanhola”, o caminho português “entrou em decadência e praticamente morreu no sul” e “manteve-se no Norte, mas de forma decadente”.

Nos últimos anos, os antigos itinerários dos caminhos existentes no território abrangido pela diocese de Beja, a segunda maior de Portugal, têm vindo a ser redescobertos por investigadores e peregrinos e recuperados pelo DPHA.

Ao longo do território existem “alguns dos principais itinerários do Caminho de Santiago no Sudoeste Peninsular”, como o chamado “Caminho Atlântico”, que “é o mais conhecido e o que regista maior número de peregrinos” e entra no Alentejo por S. Teotónio (Odemira) e tem “referências importantes em Odemira, Santiago do Cacém e Alcácer do Sal”, disse José António Falcão.

Além da apresentação do “Loci Iacobi – Lugares de Santiago”, o seminário, organizado pelo DPHA, vai reflectir sobre o passado, presente e futuro do Caminho de Santiago e dar a conhecer a experiência e as perspectivas das instituições envolvidas no projecto.

Fonte:

Rio Mira

Um comentário:

  1. Caríssimos
    Gostaria de perguntar se sabem onde posso encontrar quem detém os direitos do Mapa das Vias Portuguesas de Peregrinação a Santiago de Compostela na Idade Média que figura no vosso blog.
    Isto porque pertenço à Liga de Amigos da Igreja de Santiago e queríamos usar esta fotografia como poster no nosso Balcão de Apoio ao Peregrino.
    Se souber como me ajudar por favor contacte-me através de:
    emidioxalmeida@gmail.com
    Obrigado

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