18/04/2013

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo (Lib. 5,2,2-3:SCh153,30-38) (Séc.I)


A Eucaristia, penhor da resurreição

Se não há salvação para a carne,também o Senhor não nos redimiu com o seu sangue. Sendo
assim, nem o cálice da eucaristia é a comunhão do seu sangue nem o pão que partimos é a
comunhão do seu corpo. O sangue, efetivamente, procede das veias, da carne, e do que pertence
à substância humana. Essa substância, o Verbo de Deus assumiu-a em toda a sua realidade e por
ela nos resgatou com o seu sangue, como afirma o Apóstolo: Pelo seu sangue, nós fomos
libertados. Nele, as nossas faltas são perdoadas (Ef 1,7).

Nós somos seus membros e nos alimentamos das coisas criadas que ele próprio nos dá, fazendo
nascer o sol e cair a chuva segundo sua vontade. Por isso, o Senhor declara que o cálice, fruto
da criação, é o seu sangue, que fortalece o nosso sangue; e o pão, fruto também da criação, é o
seu corpo, que fortalece o nosso corpo.

Portanto, quando o cálice de vinho misturado com água e o pão natural recebem a palavra de
Deus, transformam-se na eucaristia do sangue e do corpo de Cristo. São eles que alimentam e
revigoram a substância de nossa carne. Como é possível negar que a carne é capaz de receber o
dom de Deus, que é a vida eterna, essa carne que se alimenta com o sangue e o corpo de Cristo
e se torna membro do seu corpo?

O santo Apóstolo diz na Carta aos Efésios: Nós somos membros do seu corpo (Ef 5,30), da sua
carne e de seus ossos (cf. Gn 2,23); não é de um homem espiritual e invisível que ele fala – o
espírito não tem carne nem ossos (cf. Lc 24,39) – mas sim do organismo verdadeiramente
humano, que consta de carne, nervos e ossos, que se nutre com o cálice do seu sangue e se
robustece com o pão que é seu corpo.

O ramo da videira plantado na terra, frutifica no devido tempo, e o grão de trigo, caído na terra
e dissolvido, multiplica-se pelo Espírito de Deus que sustenta todas as coisas. Em seguida, pela
arte da fabricação, são transformados para uso do homem. Recebendo a palavra de Deus,
tornam-se a eucaristia, isto é,o corpo e o sangue de Cristo. Assim também os nossos corpos,
alimentados pela eucaristia, depositados na terra e nela desintegrados, ressuscitarão a seu
tempo, quando o Verbo de Deus lhes conceder a ressurreição para a glória do Pai. É ele que
reveste com sua imortalidade o corpo mortal e dá gratuitamente a incorruptibilidade à carne
corruptível. Porque é na fraqueza que se manifesta o poder de Deus.

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