27/03/2014

Pôncio Pilatos ( ~ 5 a. C. - 37)

Militar talvez nascido em Roma, que como prefeito da província romana da Judéia (26-36), de acordo com a Bíblia cristã, no Capítulo 18 do Evangelho de João, foi o juiz que condenou Jesus Cristo (~4 a. C-30) a morrer na cruz, apesar de não ter nele encontrado nenhuma culpa nele. Suas origens são desconhecidas até que foi nomeado (26) pelo Imperador Tibério (42 a. C.-37) para ser o praefectus da Judéia em uma jurisdição chegava até a Samaria e a Iduméia, ficando praticamente com poder absoluto, embora subordinado ao governador da Cesaréia. Como prefeito tinha que manter a ordem na província e administrá-la tanto judicial como economicamente. Seu relacionamento com os judeus nunca foi tranquilo e como prefeito viveu anos turbulentos na Palestina por sua conduta abusiva, além de sua crueldade, com freqüentes execuções de prisioneiros sem julgamentos. Os evangelhos também conduzem ao entendimento que o prefeito não se dava bem com Herodes Antipas (21 a. C.-44), Rei da Galiléia e Pérsia (4 a. C.-37), e que o fato dele ter lavado as mãos e entregue Cristo para Herodes serviu para reaproximá-los em face da origem galiléia de Cristo, que ao se dizer Rei levava temor ao ao titular do trono galileu. Logo quando assumiu o governo, introduziu em Jerusalém as insígnias em honra a Tibério, o que deu origem a uma primeira revolta popular. Entenda-se que Jerusalém era uma cidade sagrada para os seguidores de Davi, e ele estava tentando introduzir na cidade os símbolos de que o Imperador Romano não só era a máxima autoridade no mundo terreno como, também, era uma divindade. O povo reagiu contra os símbolos do Imperador dentro da Cidade Santa e enviou os seus deputados a Cesaréia, na Síria, residência oficial do Procurador Romano, e veio a ordem para retirar todas as imagens. Contrariado em sua dignidade, ele se viu obrigando a levá-las para Cesaréia, o que provavelmente serviu para aumentar o seu rancor contra o povo judeu. Em outra oportunidade usou o dinheiro sagrado do Templo, a corbã, para construir um aqüeduto de cerca de 74 quilómetros, para trazer água a Jerusalém e essa decisão levou a mais uma revolta popular e que ele sufocou com muitos mortos e feridos, mandando soldados atacarem a popução desarmada. Contrariamente ao que ele calculou, o epsódio serviu para aumentar o descontentamento da população judia e também para chamar a atenção de Cesaréia contra seu governo e até colocar em risco seu prestígio junto à Roma. Outra derrota do prefeito foi quando mandou instalar escudos dourados em honra do Imperador Tibério dentro do palácio do Rei Herodes, em Jerusalém, contraiando a vontade do soberano e para humilhar os judeus. Novamente o povo revoltou-se e após uma petição ao próprio Imperador, foi ordenada a transferência dos escudos para Cesaréia. No processo de Cristo, seria natural que se seguisse todos os trâmites legais e somente a ele competia marcar a data do julgamento. No entanto, esta foi uma boa oportunidade para ele recuperar a simpatia do povo e das autoridades religiosas da Judéia. Então, transgredindo a Lei Romana, resolveu atender os interesses do fanatismo das autoridades religiosas e satisfazer a multidão à sua frente, evitando um novo e desgastante descontentamento popular, que poderia comprometer de vez seu futuro político, ditou: Levai-o vós e julgai-o segundo a vossa lei. Sua última ação relevantemente antipática foi uma repressão violenta contra os samaritanos no monte Garizim (35).

Este episódio fez com que os samaritanos enviassem representantes ao Procurador da Síria, Vitelio, que o afastou do seu cargo. Ainda mais, foi enviado a Roma para dar explicações, mas chegou após a morte do Imperador Tibério. Segundo o bispo, historiador e teólogo neoplatonista grego Eusébio de Cesaréia (263-340), em sua História Eclesiástica, o ex-prefeito foi desprezado pelo novo imperador, Caio Calígula (12-41), e cometeu suicídio em seguida, no ano seguinte a destituição do cargo. Em Jerusalém (1927) o arqueólogo da École Biblique et Archéologique Française, L. H. Vincent, descobriu um pátio calçado com pedras pertencente à Torre Antônia, com aproximadamente 2.500 metros quadrados, onde famoso Praefectus teria pronunciado a condenação de Jesus. Segundo a Bíblia, ele teria trazido Jesus para a Gábata, uma palavra aramaixa que significa pavimento e que se comprovou que se tratava de um pátio calçado com pedras ao estilo romano.

Foi antecedido no cargo por Grato e sucedido por Marcelo. O título do cargo que exerceu foi o de praefectus e está confirmado por uma inscrição que apareceu na Cesáréia e em moedas que foram cunhadas por sua ordem (29-31). O titulo procurador que alguns antigos autores utilizam para referir-se ao seu cargo é um erro anacrônico. Os evangelhos referem-se a ele de forma genérica com o título de governador. Personagem por demais conhecida em todo o cristianismo, tanto entre protestantes, católicos romanos ou ortodoxos, seu nome está para sempre ligado à morte de Jesus Cristo e foi incluído no antigo Credo Romano, conhecido como Credo dos Apóstolos: ..., padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado.

http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/PoncPilt.html

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