19/10/2012

Da Regra mais longa, de São Basílio Magno, bispo


(Resp. 2,1: PG 31,908-910)              (Séc.IV)

Possuímos inata capacidade de amar

O amor de Deus não é matéria de ensino nem de prescrições. Não aprendemos de
outrem a alegrar-nos com a luz, ou a desejar a vida, ou a amar os pais ou educadores.
Assim – ou melhor, com muito mais razão –, não se encontra o amor de Deus na
disciplina exterior. Mas, quando é criado, o ser vivo, isto é, o homem, a força da razão
foi, como semente, inserida nele, uma força que contém em si a capacidade e a
inclinação de amar. Logo que entra na escola dos divinos preceitos, o homem toma
conhecimento desta força, apresando-se em cultivá-la com ardor, nutri-la com
sabedoria e levá-la à perfeição, com o auxílio de Deus.

Sendo assim, queremos provar vosso empenho em atingir este objetivo. Pela graça de
Deus e contando com as vossas preces, nós nos esforçaremos, segundo a capacidade
dada pelo Espírito Santo, por suscitar a centelha do amor divino escondida em vós.

Antes de mais nada, nós dele recebemos antecipadamente a força e a capacidade de pôr
em prática todos os mandamentos que Deus nos deu. Por isso não nos aflijamos como
se nos fosse exigido algo de incomum, nem nos tornemos vaidosos pensando que damos
mais do que havíamos recebido. Se usarmos bem destas forças, levaremos uma vida
virtuosa; no entanto, mal empregadas, cairemos no pecado.

Ora, o pecado se define como o mau uso, o uso contrário à vontade de Deus daquilo que
ele nos deu para o bem. Pelo contrário, a virtude, como Deus a quer, é o
desenvolvimento destas faculdades que brotam da consciência reta, segundo o preceito
do Senhor.

O mesmo diremos da caridade. Ao recebermos o mandamento de amar a Deus, já
possuímos capacidade de amar, plantada em nós desde a primeira criação. Não há
necessidade de provas externas: cada qual por si e em si mesmo pode descobri-la. De
fato, nós desejamos, naturalmente, as coisas boas e belas, embora, à primeira vista,
algumas pareçam boas e belas a uns e não a outros. Amamos também, sem ser
necessário que nos ensinem nossos parentes e amigos e temos espontaneamente grande
amizade por nossos benfeitores.

O que haverá, pergunto então, de mais admirável do que a beleza divina? Que coisa
pode haver mais suave e deliciosa do que a meditação da magnificência de Deus? Que
desejo será mais veemente e violento do que aquele inserido por Deus na alma liberta de
toda impureza e que lhe faz dizer do fundo do coração: Estou ferida de amor? É na
verdade totalmente indescritível o fulgor da beleza de Deus.

Fonte:

Liturgia das Horas

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