17/07/2013

Ordem Soberana e Militar de Malta

Tuitio Fidei et Obsequium Pauperum""Defesa da fé e assistência aos pobres


Por volta de 1099, alguns mercadores de Amalfi fundaram em Jerusalém, sob a regra de S. Bento e com a indicação de Santa Maria Latina, uma casa religiosa para recolha de peregrinos. Anos mais tarde construíram junto dela um hospital que recebeu, de Godofredo de Bulhão, doações que lhe asseguraram a existência, desligou-se da igreja de Santa Maria e passou-se a formar congregação especial, sob o nome de São João Baptista.

Em 1113, o Papa nomeou-a congregação, sob o título de São João, e deu-lhe regra própria. Em 1120, o francês Raimundo de Puy, nomeado grão-mestre, acrescentou ao cuidado com os doentes o serviço militar.

Assim é a origem da Ordem dos Hospitalários ou de São João de Jerusalém, designada por Ordem de Malta a partir de 1530, quando se estabeleceu na ilha do mesmo nome, doada por Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico.

Ordem de aristocratas, nunca teve entre os seus cavaleiros pessoas que não pertencessem à fidalguia. O hábito regular consistia numa túnica e num grande manto negro, no qual traziam, pregada no lado esquerdo, uma cruz de ouro, com esmalte branco.


Os hospitalários tomaram parte nas Cruzadas e tinham seu hospital em Jerusalém. Mesmo depois do fim das Cruzadas, a ordem continuou. A ordem enfrentou o Império Otomano em diversas batalhas, como a Batalha de Lepanto e o Cerco de Rodes.

A ordem na península Ibérica

De início, na península Ibérica, havia uma só sede (língua), a de Aragão, que englobava os reinos de Portugal, Leão, Navarra, Aragão e Castela. Em Portugal, entre os bens da ordem, tinha especial importância o priorado do Crato. Os reis viram, receosos, crescer o poder dos senhores do Crato, que se acentuou mais com a rebelião de Nuno Gonçalves contra a regência do infante D. Pedro (1392-1449).
João III de Portugal, por morte do conde de Arouca, doou o priorado a um membro da família real, o infante D. Luís, em 1528, que se intitulou grão-prior. Então o rei, com vista a futuros protestos, consegue do papa Júlio III a bula pontifícia de 1551, que Dom António, filho natural do infante, fosse nomeado sucessor do pai. Maria I consegue do Papa a independência do grão-mestrado de Malta e, poucos anos depois, o mesmo Papa decretou por bula em 1793 que, assim como pelo lado temporal o grão-priorado de Portugal ficaria isento de qualquer interferência de Malta, também pelo lado espiritual dependeria apenas da Santa Sé. Assim, Pedro IV de Portugal e Miguel I foram grãos-priores do Crato. A ordem foi extinta em 1834 e os bens incorporados à Fazenda Pública.

O braço protestante da ordem

A Ordem de São João chegou à Alemanha durante os séculos XII e XIII]], onde fundou um grão-priorado. Em 1530, uma secção do grão-priorado, a Bailia de Brandenburgo, aderiu à Reforma Protestante, sob a proteção dos margraves de Brandenburgo, que se tornariam reis da Prússia. A bailia manteve relações amigáveis com a Ordem Soberana de Malta. Em 1811, a Bailia de Brandenburgo foi suprimida pelo príncipe da Prússia, que posteriormente fundou a Ordem Real Prussiana de São João como uma Ordem de Mérito. Em 1852, a ordem recuperou o nome de Bailia de Brandenburgo e se tornou uma nobre ordem da Prússia.
Em 1918, após a queda da monarquia, ela foi separada do Estado e recuperou sua independência. A Johanitter Orden está presente em diversos países europeus, além da América (Canadá, Estados Unidos, Colômbia, e Venezuela) e África do Sul trabalhando em especial na Alemanha mantendo hospitais e asilos, e é responsável por um importante serviço de ambulância - o Johanniter Unfallhilfe. Ela tem afiliações independentes nos Países Baixos, Suécia, Finlândia, França, Hungria, e Suíça.

Queda de Malta

A possessão mediterrânica de Malta foi capturada por Napoleão em 1798 durante a sua expedição para o Egipto. Este teria pedido aos cavaleiros um porto-salvo para reabastecer os seus navios e, uma vez em segurança em Valetta, virou-se contra os anfitriões. O grão-mestre Ferdinand von Hompesch, apanhado de surpresa, não soube antecipar ou precaver-se deste ataque, rapidamente capitulando para Napoleão. Este sucedido representou uma afronta para os restantes cavaleiros que se predispunham a defender a sua possessão e soberania.

A ordem continuou a existir, compactuando com os governos por uma retoma de poder. O imperador da Rússia doou-lhes o maior abrigo de Cavaleiros Hospitalários em São Petersburgo, o que marcou o início da tradição russa dos Cavaleiros do Hospital e posterior reconhecimento pelas Ordens Imperiais Russas. Em agradecimento, os cavaleiros depuseram Ferdinand von Hompesch e elegeram o imperador Paulo I como grão-mestre que, após o seu assassinato em 1801, seria sucedido por Giovanni Battista Tommasi em Roma, restaurando o Catolicismo Romano na ordem.


No início da década de 1800, a ordem encontrava-se severamente enfraquecida pela perda de priores em toda a Europa. Apenas 10% dos lucros chegavam das fontes tradicionais na Europa, sendo os restantes 90% provindos do Priorado Russo até 1810, facto cuja responsabilidade é parcialmente atribuída pelo governo da ordem, que era composta por tenentes, e não por grão-mestres entre 1805 e 1879, até o Papa Leão XIII restaurar um grão-mestre na ordem, Giovanni a Santa Croce. Esta medida representou uma reviravolta no destino da ordem, que se tornaria uma organização humanitária e cerimonial. Em 1834, a ordem, reactivada, estabeleceu nova sede em Roma e foi, a partir daí, designada como Ordem Militar Soberana de Malta.
Cavaleiro da graça e devoção no hábito
do século 21.
 


A antiga organização e as línguas da ordem

 Superiormente a ordem era chefiada pelo grão-mestre, com o título eclesiástico de cardeal e secular de príncipe. O grão-mestre era coadjuvado por sete "bailios conventuais". Cada bailio conventual, além de exercer uma função específica na administração central da ordem (comendador, marechal, almirante, etc.), era o presidente ou governador de cada uma das grandes divisões territoriais em que ela se encontrava dividida (cada uma dessas divisões era chamada língua ou nação). As línguas e os seus respectivos bailios conventuais eram as seguintes:
I - Língua da Provença - presidida pelo grão-comendador, responsável pela superintendência dos celeiros. Subdividia-se em:
Grão-priorado de Santo Egídio;
Grão-priorado de Toulouse;
Baliagem capitular de Manoasca;
II - Língua de Alvernia - presidida pelo marechal, responsável pelo comando das forças militares da Ordem. Subdividia-se em:
Grão-priorado de Alvernia;
Baliagem de Daveset;
III - Língua da França - presidida pelo hospitalário, responsável pela administração do hospital da ordem. O bailio conventual desta língua também tinha o cargo de tesoureiro geral. Subdividia-se em:
Grão-priorado da França;
Grão-priorado da Aquitânia;
Grão-priorado de Champanhe;
Baliagem capitular da Morea;
IV - Língua de Itália - presidida pelo almirante, responável pelo comando das forças navais da Ordem. Subdividia-se em:
Grão-priorado de Roma;
Grão-priorado da Lombardia;
Grão-priorado de Veneza;
Grão-priorado de Pisa;
Grão-priorado de Barleta;
Grão-priorado de Messina;
Grão-priorado de Cápua;
Baliagem capitular de Santa Eufémia;
Baliagem capitular de Santo Estevão;
Baliagem capitular da Trindade de Veneza;
Baliagem capitular de São João de Nápoles;
V - Língua de Aragão, Catalunha e Navarra - presidida pelo grão-conservador, responsável pela superintendência do fardamento dos soldados. Subdividia-se em:
Grão-priorado da Castelânia de Amposta;
Grão-priorado da Catalunha;
Grão-priorado de Navarra;
Baliagem capitular de Maiorca;
Baliagem capitular de Caspe;
VI - Língua da Alemanha - presidida pelo grão-balio, responsável pela cidade antiga de Malta e pelo castelo de Gozo. Subsdividia-se em:
Grão-priorado da Alemanha;
Grão-priorado da Boémia;
Grão-priorado da Hungria;
Grão-priorado da Dácia;
Baliagem capitular de Brandeburgo;
VII - Língua de Portugal, Castela e Leão - presidida pelo grão-cancelário, servindo de Secretário de Estado e coadjuvado por um vice-cancelário. Subdividia-se em:
Grão-priorado do Crato;
Grão-priorado de Leão e Castela;
Baliagem de Leça;
Baliagem do Acre;
Baliagem de Lango;
Baliagem de Negroponte.


A Ordem de Malta em Portugal

 Vários autores remontam a sua existência em terra portuguesa ao período final do governo de D. Teresa. Segundo Rui de Azevedo, entre 1122 e 1128 a rainha D. Teresa teria concedido aos freires desta Ordem o mosteiro de Leça do Balio, sua primeira casa capitular. A carta de couto e privilégios outorgados à Ordem do Hospital em 1140 por Dom Afonso Henriques atesta a importância que já então teria. Em 1194, D. Sancho I doou aos cavaleiros de S. João do Hospital a terra de Guidintesta, junto ao Tejo, para aí construirem um castelo, o qual o monarca, no acto de doação denominou de Castelo de Belver.

D. Sancho II em 1232 doou-lhe os largos domínios da terra que, por essa altura, recebeu o nome de Crato, onde os freires fundaram uma casa que se tornou célebre.
O superior português da Ordem dos Hospitalários era designado pelo nome de prior do Hospital, e a partir de D. Afonso IV por prior do Crato.

Não consta que por esse tempo tivessem os Cavaleiros do Hospital mosteiro de freiras, embora tivessem fratisas que usavam hábito e viviam em suas casas. O primeiro mosteiro de freiras hospitalário foi fundado em Évora, em 1519, por Isabel Fernandes, e mais tarde transferido para Estremoz pelo infante D. Luís, quando este filho de D. Manuel I foi prior do Crato.

Por alvará de 1778, foram-lhes confirmadas todas as aquisições de bens de raiz feitas no Reino e permitiu-se que os cavaleiros sucedessem a seus parentes por testamento, no usufruto de quaisquer bens que não fossem da coroa ou vinculados em morgado, revertendo por morte destes para as casas de onde tinham sido saído. A ordem foi extinta pelo diploma de 1834 que extinguiu todos os conventos de religiosos.


A Ordem Soberana e Militar de Malta não tem sua sede no país de mesmo nome, mas sim no minúsculo território de apenas 6 km² que consiste em um prédio em Roma e seu jardim.
A ordem, que possuía cavaleiros de diferentes nacionalidades, principalmente italiana, francesa, alemã, espanhola e portuguesa, fez de Malta sua base e quartel-general, mudando seu nome efetivamente para Ordem Soberana, Militar e Hospitalar de São João de Jerusalém, Rodes e Malta. Lá a ordem ficou até 1800, quando a Grã-Bretanha invadiu Malta, expulsando os cavaleiros. Estes então se refugiaram na Itália, onde estão até hoje.
A soberania da Ordem de Malta só foi reconhecida em 1966, mas não é reconhecida como um Estado, tendo status de uma organização internacional, como a ONU ou a Cruz Vermelha. Sua população permanente é de apenas três pessoas, o "príncipe", o "grão-mestre" e o "chanceler". Todos os demais "habitantes" da Ordem de Malta possuem nacionalidade maltesa, mas também a nacionalidade do país onde nasceram (normalmente italiana). A soberania da ordem permite que ela imprima seus próprios selos e expeça seus próprios passaportes, concedendo, efetivamente, nacionalidade maltesa a seus membros.

Atualmente, a Ordem de Malta mantém relações diplomáticas com o Vaticano e com 104 Estados 6 , onde possui, inclusive, embaixadas. Os representantes diplomáticos da Ordem são todos cidadãos malteses. A ordem ainda possui representação na ONU (tendo até um Observador Internacional), e é filiada à Cruz Vermelha e a outras organizações internacionais. A Ordem de Malta atua como uma organização humanitária internacional, fundando hospitais e centros de reabilitação em diversos países, principalmente na África.

A Ordem de Malta tem algumas características de um Estado soberano, incluindo um hino, relações diplomáticas com diversos países e Observador nas Nações Unidas7 , e nenhum título ostenta a personalidade jurídica do Direito das Gentes. Sua presença em certas conferências internacionais se dá sob o estatuto de entidade observadora. A ordem não é parte em tratados multilaterais, e o Estado que porventura haja com ela pactuado, o fez bilateralmente dentro de suas atribuições soberanas.

Site da Ordem 

Fonte:

Wikipédia




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